terça-feira, 13 de julho de 2010

Copa em fúria (11/07/10)


Os olhos que antes eram vermelhos de fúria, agora fecham-se pregados pelas lágrimas. Os homens no campo ergueram a taça aos céus pela primeira vez, e com ela coloriram-no. Hoje o céu é rubro, ninguém pode negar! Com essa frase de efeito, eu começo esta pequena impressão da final da copa de 2010, sob o olhar de um completo desinteressado no assunto.

Não sei o porquê. Nunca estive na Espanha – nem em nenhum outro lugar fora do Brasil -, nunca aprendi a falar espanhol e quase não conheço a cultura do lugar. Apesar de haver jurado a mim mesmo não torcer por eles, após ter sido surpreendido por um amigo intercambiário de Madrid que me disse: “Torce mesmo pra Espanha, porque pro Brasil você não pode mais”, rindo da minha cara. Mesmo vendo meu próprio pai sofrer por um time vestido de laranja – que, aliás, o porquê disso também é um mistério - e me dizer: “Vi, se a Espanha ganhar, você pode voltar pra Barão Geraldo”, eu torci pelos vencedores do dia.

Talvez eu tenha gostado daquele azul do uniforme deles, talvez eu não tenha gostado do laranja. Quem sabe não foi porque eu sofri junto com o número catorze da Espanha quando levou um chute no meio do peito. Será que eu quis contrariar meu pai ou não contrariar o polvo? Tenho certeza, o culpado não foi o título inédito, porque nenhuma das duas equipes tinha sido campeã até então. Não sei, só sei que eu, que nunca torci em quase nenhum jogo de futebol na vida, que quase não entendo as regras, que acho a copa do mundo uma babaquice. Sentei no sofá e falei: “Vou torcer pra essa desgrama dessa Espanha”!

Então começou o jogo. Putz, quanta falta! O tempo não roda cinco minutos sem ter um caído no chão fingindo ser o maior sofredor do mundo. Coisa engraçada, aquele bando de marmanjo quase chorando para um careca vestido de azul calcinha. Droga, essa partida não acaba, ninguém faz nenhum gol. Podia ir para os penalts, assim pelo menos eu me divirto rindo do nervosismo dos caras que vão chutar, ou do goleiro, doido pra ser o herói do dia. Não, prorrogação. Que saco, vai pros penalts logo! Olha lá! O rapaz da Espanha marcou um gol, que legal! Pronto, o time que eu estava torcendo ganhou! URRUL!

Vai lá galera, chora! Chora goleiro! Pode pular também. Joga pra cima esse técnico extremamente simpático que ficava olhando pro jogo com cara de vou-soltar-uma-bomba-nesse-estádio-em-cinco-quatro-três... Vai! Comemora, povo na praça espanhola! Aiai, esse ser humano tem cada uma. Um bando de moços ficou correndo um tempão no meio de um campo, e de repente, quando a bola (de nome estranho) encostou na rede, ninguém da Espanha tinha mais nenhum problema na vida.

Imagina se fosse o Brasil. Aliás, 2014 tá aí! Vamos ver se a gente consegue ter mais coisas pra comemorar do que o último ano do Serra ou da Dilma no poder.

Víni Branquinho

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