sábado, 17 de julho de 2010

Guerra congelada


POR FAVOR! Alguém avise a esse povo que a Guerra Fria acabou! Como assim acharam espiões russos nos Estados Unidos? O que eles queriam lá? Copiar a fórmula do Mc Donalds? – Tipo aquele bichinho do Bob esponja? Haha – Pelo amor de Deus, né? Se você não tem capacidade de fazer as próprias pesquisas, digita no google que ele faz pra você. Não precisa sair de casa!

Eu me lembro de pensar também no "fim" dessa guerra, quando assisti ao último filme do Indiana Jones – Aquele do velho de quatrocentos anos que lutava com todo mundo no meio da selva e não tinha nem dor nas costas. Imagine seu avô fazendo isso! -. Lembra quem eram os vilões? OS SOVIÉTICOS! Pra quê isso, gente? Colava quando o comunismo ainda estava aí, ou pelo menos quando a União Soviética existia, né? Tão com medo de quem? Da Coréia do Norte?

Nasci justamente no ano em que a URSS acabou. Não senti na pele, o problema. Mas tomando como base o fato de até hoje essas idiotices acontecerem, imagino que naquela época devia ser o caos. Não me assusta o tanto de gente que pensava que comunista comia criancinha, estuprava empregada doméstica, etc, com toda aquela propaganda anti-comunista dos EUA que corria por aqui. – Não lembro quem foi. Perguntou numa aula de catecismo o que era o comunismo; e o padre, levantando da cadeira e erguendo o dedo furioso, disse: “É coisa do demônio!” –. E até hoje não é raro ouvir: “Bando de comunistas babacas.”

Difícil esquecer daquela loira da tevê falando algo assim: “Esqueçam esse negócio de ser anti-capitalista e vamos, todo mundo, pra Disney.” Claro! Paga pra mim que eu vou. Morro de vontade de dar um soco na cara do Mickey! Nunca vou perdoar a Disney por fazer o Zé Carioca, só pra trazer o Brasil pro seu lado. Coisa mais suja! E todo mundo pensando que era homenagem. Ah, vá!

Mas, voltando aos espiões, haha – Desculpa, gente! Eu não consigo parar de rir disso! – Fiquei sabendo quando fui treinar meu inglês no site do “The New York Times” e tava lá essa notícia em destaque, bem na capa do site. – Claro! Pra todo mundo ver. Quando essa guerra fria vai acabar de verdade? – Vocês precisam ver os detalhes que a notícia dava. Tinha todo um esquema profundamente pensado por trás da espionagem. Desde histórias para cobrir a identidade a proibições de exercer certos cargos. Um verdadeiro filme, daqueles bobos de Hollywood.

Aí vão lá o Obama e o ajudante do Putin, o presidente Medvedev, conversar. O medo era: depois de tantos anos de reconciliações, será que tudo vai mudar agora? Claro que não! Nada vai mudar. Os Estados Unidos vão continuar a fazer filmes com vilões soviéticos e os russos vão continuar morrendo de raiva e tentando saber o que eles estão planejando. Com certeza os dois deram boas risadas nessa reunião.

Víni Branquinho

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Aos Medéias


Certo dia, no primeiro semestre deste ano, tivemos uma aula na faculdade reservada para a discussão da obra "Medéia" de Eurípedes. Eu me lembro de muitos comentários, muitas opiniões divergentes, mas um dos únicos pontos em que todo mundo concordava era: "Que absurdo, uma mãe matar os próprios filhos!”.

Sei lá quantos dias depois, eu estava passeando com meus amigos, e vimos de longe uma criança na frente da fonte do shopping. Um já soltou - provavelmente eu - "Odeio criança". E depois que aquele pequeno monstrinho começou a tirar a roupa e quase pular na água, alguém falou "Cadê a mãe desse menino prá dar uns tapas nessa peste?". Depois eu fiquei pensando...

Tenho certeza de que se fosse um estranho bater naquele menino, todo mundo ia ficar indignado. Principalmente os pais. Já tava até imaginando a porrada de processos que o agressor iria levar. Agora se o pai ou a mãe fosse lá e metesse a mão nele, todo mundo ia falar. "Isso aí! tem que aprender mesmo"!

Aprender o quê com isso? A bater nos coleguinhas quando eles estiverem fazendo algo errado também? Eu nunca ouvi ninguém falando "Nossa! Ainda bem que a minha mãe me bateu naquele dia. Por que senão, até hoje eu ia tentar pular em tudo quanto é fonte que eu visse por aí!". Calma lá! Qual é a diferença de bater e de explicar? A intenção não é ensinar? Se fosse assim, os professores iam bater toda vez que a gente errasse a tabuada do sete. E ninguém é a favor disso. Por amor? Que amor o quê? Por pura falta de controle emocional, isso sim! Coisa mais boçal!

Nossa! Quanta revolta eu escrevi aí em cima, haha! Por que mesmo, eu tô falando disso? Ah! Claro! Porque agora fizeram uma lei aí, proibindo os pais de bater nos filhos! Eu tava acompanhando, tá saindo nos jornais do mundo todo! Bem legal! O Lula falou que o objetivo não é ensinar os pais a serem pais, mas mostrar que isso pode ser resolvido de uma maneira diferente. E tá certinho! Agora temos que esperar a lei ser votada! Eu só acho que vai ser meio difícil essa punição! Porque muitas vezes os pais batem nos filhos dentro de casa, sozinhos nos quartos. Eu não imagino uma criança de cinco anos indo a uma delegacia falar "Moço, minha mamãe me bateu!". Mas de qualquer forma, é um meio de tentar resolver o problema. Pelo menos na frente de todo mundo, ninguém pode bater nos filhos.

Saco! Por que não criaram um negócio desses na minha época de apanhar? Não que meus pais fossem uns loucos agressores, não eram! Mas eu apanhei bastante, aí eu chorava, e apanhava porque eu tava chorando. Não precisava de nada disso. Com certeza eu aprendia melhor, quando eles simplesmente falavam pra eu não fazer alguma coisa e me explicavam o porquê. Eu tinha muito mais medo de magoar meus pais do que de apanhar, isso é verdade!

Tomara que dê certo. Aí, uns tempos pra frente alguém vai escrever uma outra obra, cujo crime da mãe é bater no filho. Já tô até vendo os universitários na sala de aula falando: “Que absurdo, uma mãe bater nos próprios filhos!".

Víni Branquinho

terça-feira, 13 de julho de 2010

Copa em fúria (11/07/10)


Os olhos que antes eram vermelhos de fúria, agora fecham-se pregados pelas lágrimas. Os homens no campo ergueram a taça aos céus pela primeira vez, e com ela coloriram-no. Hoje o céu é rubro, ninguém pode negar! Com essa frase de efeito, eu começo esta pequena impressão da final da copa de 2010, sob o olhar de um completo desinteressado no assunto.

Não sei o porquê. Nunca estive na Espanha – nem em nenhum outro lugar fora do Brasil -, nunca aprendi a falar espanhol e quase não conheço a cultura do lugar. Apesar de haver jurado a mim mesmo não torcer por eles, após ter sido surpreendido por um amigo intercambiário de Madrid que me disse: “Torce mesmo pra Espanha, porque pro Brasil você não pode mais”, rindo da minha cara. Mesmo vendo meu próprio pai sofrer por um time vestido de laranja – que, aliás, o porquê disso também é um mistério - e me dizer: “Vi, se a Espanha ganhar, você pode voltar pra Barão Geraldo”, eu torci pelos vencedores do dia.

Talvez eu tenha gostado daquele azul do uniforme deles, talvez eu não tenha gostado do laranja. Quem sabe não foi porque eu sofri junto com o número catorze da Espanha quando levou um chute no meio do peito. Será que eu quis contrariar meu pai ou não contrariar o polvo? Tenho certeza, o culpado não foi o título inédito, porque nenhuma das duas equipes tinha sido campeã até então. Não sei, só sei que eu, que nunca torci em quase nenhum jogo de futebol na vida, que quase não entendo as regras, que acho a copa do mundo uma babaquice. Sentei no sofá e falei: “Vou torcer pra essa desgrama dessa Espanha”!

Então começou o jogo. Putz, quanta falta! O tempo não roda cinco minutos sem ter um caído no chão fingindo ser o maior sofredor do mundo. Coisa engraçada, aquele bando de marmanjo quase chorando para um careca vestido de azul calcinha. Droga, essa partida não acaba, ninguém faz nenhum gol. Podia ir para os penalts, assim pelo menos eu me divirto rindo do nervosismo dos caras que vão chutar, ou do goleiro, doido pra ser o herói do dia. Não, prorrogação. Que saco, vai pros penalts logo! Olha lá! O rapaz da Espanha marcou um gol, que legal! Pronto, o time que eu estava torcendo ganhou! URRUL!

Vai lá galera, chora! Chora goleiro! Pode pular também. Joga pra cima esse técnico extremamente simpático que ficava olhando pro jogo com cara de vou-soltar-uma-bomba-nesse-estádio-em-cinco-quatro-três... Vai! Comemora, povo na praça espanhola! Aiai, esse ser humano tem cada uma. Um bando de moços ficou correndo um tempão no meio de um campo, e de repente, quando a bola (de nome estranho) encostou na rede, ninguém da Espanha tinha mais nenhum problema na vida.

Imagina se fosse o Brasil. Aliás, 2014 tá aí! Vamos ver se a gente consegue ter mais coisas pra comemorar do que o último ano do Serra ou da Dilma no poder.

Víni Branquinho